Neste artigo iremos abordar algumas dicas importantes para o seu chinês equipado com sistema de injeção eletrônica flex não te deixar na mão.
Mesmo após 17 anos do lançamento do primeiro veículo flex no Brasil, proprietários destes modelos ainda apresentam dúvidas em relação ao funcionamento e manutenção.
Infelizmente, em alguns casos, este problema ocorre por falha na entrega técnica do veículo. Ou seja, os procedimentos não são repassados corretamente ao condutor, ou muita das vezes o condutor não recorre às informações contidas no manual do proprietário.
Este tipo de problema tanto ocorre nos veículos nacionais, como nos veículos chineses JAC e CHERY que também possui o sistema de injeção eletrônica flex.
Por isso, o especialista Carlos da CJr Auto ensina 5 dicas importantes para você não sofrer com este sistema:
- Abasteça seu veículo em postos de combustíveis de procedência.
- Utilize o lubrificante especificado pela montadora.
- Realize de forma preventiva as manutenções.
- Cuidado com o veículo após o abastecimento.
- Como utilizar corretamente o tanquinho de partida a frio.
1 – Abasteça seu veículo em postos de combustíveis de procedência
Atualmente os condutores procuram somente postos com preço baixo e esquecem do ditado “o barato sai caro”.
Isso quer dizer que o posto de combustível que pratica preço abaixo do valor de mercado pode estar aplicando uma proporção elevada de solventes mais baratos na gasolina (o mais usado é o de borracha).
Sendo assim, além de comprometer a performance do motor, pode diminuir a vida útil do propulsor e danificar componentes do sistema de injeção eletrônica flex. Por exemplo: Bomba de combustível, bicos injetores, velas de ignição e até a boia de combustível.
Além de danificar o motor e outros componentes, um combustível adulterado pode gerar aumento dos gases poluentes e falha nas informações gerada pela sonda lambda até a unidade de controle do motor (UCM).
Tecnologia pode ajudar na escolha do melhor combustível para seu carro chinês flex
Infelizmente não existem muitos aplicativos de avaliação de postos informando a qualidade do combustível. Os mais comuns são para precificação. Ou seja, o condutor visualiza somente o preço baixo.
Mas, nem tudo está perdido. Algumas fundações e universidades em parceria com ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) desenvolveram aplicativos com as avalições dos postos de combustíveis conforme resultado do teste de combustível.
É o caso do App Combustível Nota 10 que funciona no Rio Grande do Norte e o App Posto Fiel que funciona na cidade de Araraquara – SP.
Podemos também usar como referência a avaliação do Google Maps. É realizada por usuários que relatam suas experiências. Porém, deve-se prestar atenção na data da última avaliação.
Outra dica em relação aos postos, é buscar informações do local antes de abastecer, são elas:
– Verificar se o posto possui testes de qualidade do combustível, como o teste de volume.
Este teste vai aferir a informação que a bomba fornece, o termo densímetro – está instalado na bomba de abastecimento de Etanol. Nele, a linha vermelha deve estar abaixo do nível de combustível, que deve estar quase limpo. Portanto, não apresentar cor amarelo ou azul.
Observe também se possui o teste de proveta – um recipiente que analisa o percentual de etanol na gasolina. Deve estar em 27%.
Se não encontrar estes testes ou se o frentista se negar a realizar o teste na sua frente, desconfie.
– Verifique o selo do INMETRO na bomba e etiqueta da ANP com informações do posto e distribuidor.
Essas informações e outras você pode encontrar no site:
http://www.anp.gov.br/consumidor/anp-na-semana-do-consumidor-2020
2 – Utilize o lubrificante especificado pela montadora
Além reduzir o atrito e controlar temperatura, outra função importante do lubrificante é acionar alguns componentes hidráulicos. Como esticadores de correias ou corrente, injetores (jet cooler) e acionamento de válvulas (tuchos hidráulicos).
Uma aplicação incorreta do lubrificante além de reduzir a vida útil do motor, pode comprometer o funcionamento principalmente da partida a frio.
Por exemplo, se for utilizado um lubrificante com viscosidade maior e em temperatura baixa.
Na partida frio o lubrificante vai demorar mais para chegar na parte superior do motor. Desse modo, comprometerá o funcionamento dos tuchos hidráulicos (sistema aplicado nos modelos CHERY FACE, S18 e CELER). Consequentemente o motor vai demorar para funcionar ou corre o risco de não funcionar.
Portanto, para evitar este problema, siga corretamente o manual do proprietário atendendo as especificações.
3 – Realize de forma preventiva as manutenções
É uma ação que tende evitar falhas que afeta o desempenho do veículo. A manutenção preventiva aumenta a confiabilidade, pois mantém o funcionamento do veículo dentro das condições estabelecidas pela montadora.
Em veículos chineses com sistema de injeção eletrônica flex, a regra não é diferente. Temos como exemplo a manutenção do sistema de ignição ou filtros.
Estes itens com desgaste podem causar falhas no sistema de injeção eletrônica. Portanto, gerando informações erradas para a unidade de controle do motor. Assim, pode afetar a partida, desempenho, consumo e emissões poluentes.
Para evitar estas falhas a montadora informa no manual o tempo para substituição dos itens de desgaste em meses ou quilômetros.
O manual também apresenta não somente a substituição, mas também a verificação de outros itens que não tem tempo determinado para substituição, mas sua vida útil depende de outros itens.
Como exemplos temos os cabos de velas e bobinas de ignição.
4 – Cuidado com veículo após o abastecimento
O sistema de injeção eletrônica flex permite funcionar com gasolina, etanol ou qualquer mistura entre eles e em qualquer proporção.
Isso ocorre graças a um software instalado na unidade de controle do motor capaz de identificar o tipo de combustível que foi queimado. Principalmente através de um sensor chamado sonda lambda que está instalado no escapamento.
Como o sistema identifica o combustível utilizado?
Através do valor de A/F que é a relação de ar e combustível (Air/Fuel) necessária para que seja a melhor combustão possível na câmara, proporcionando o melhor desempenho, com menor consumo de combustível e menor índice de gases poluentes.
Como é representado o A/F?
Etanol – é representado por 9,0:1, ou seja, 9 partes de ar para 1 parte de combustível.
Gasolina – é representado por 13,0:1, ou seja, 13 partes de ar para 1 parte de gasolina.
Isso quer dizer que a quantidade de etanol injetado no motor é maior que a quantidade de gasolina. Por isso o sistema precisa detectar e realizar os ajustes necessários.
O principal sensor para auxiliar neste ajuste é a sonda lambda.
Como funciona o ajuste após abastecimento?
Toda vez que o veículo é abastecido, a unidade de controle do motor entende que pode haver mudança na concentração de combustível.
Por exemplo, o veículo estava com etanol no tanque e o condutor resolveu migrar para gasolina, ou vice-versa.
Com essa mudança de nível de combustível no tanque, a unidade de controle se prepara para realizar um novo aprendizado de A/F. Graças ao sensor de nível de combustível.
O maior problema que encontramos na oficina é o veículo apresentar problemas de partida a frio. O condutor guarda o veículo logo após abastecer, ou seja, a nova concentração ainda não foi atualizada pelo software.
O combustível precisa percorrer a tubulação até chegar no motor, gerar a queima e os gases passarem pelo escapamento e serem analisados pela sonda lambda.
O correto é sempre que abastecer o veículo, percorrer uns 10 Km para que esse novo combustível seja detectado pelo software.
E quando ocorrer a perda de A/F?
A perda de A/F ocorre quando o sistema não consegue identificar a concentração de combustível do tanque. Ou seja, o condutor abasteceu com etanol e o sistema identifica gasolina.
Neste caso o motor pode não funcionar quando estiver frio, sendo necessário forçar o aprendizado. Este procedimento pode ser feito pelo scanner ou alguma estratégia de emergência.
Cada modelo e montadora tem uma estratégia específica, no caso do CHERY FACE, S18 ou CELER, para deixar no modo de emergência deve usar o procedimento abaixo:
- Desligar plug do sensor MAP
- Forçar partida
- Após funcionar, deixe em marcha lenta
- Ligar o plug do sensor após acionamento do eletro ventilador do radiador
- Percorrer no mínimo 10 Km para o sistema finalizar o aprendizado de combustível.
5 – Como utilizar corretamente o tanquinho de partida a frio
Por que motores com etanol tem problemas na partida a frio em sistema de injeção eletrônica flex?
A resposta é, o ponto de fulgor. Resumidamente é a temperatura mínima na qual o líquido desprende vapores numa quantidade suficiente para que, em contato com oxigênio do ar e uma fonte de ignição, se inicie a combustão.
O ponto de fulgor do etanol é de 15°, portanto, muito alto em relação ao ponto da gasolina que é de -45 a -38°, pois a gasolina possui mistura de hidrocarbonetos.
Então quando o sistema de partida a frio é ativado?
Quando a temperatura do motor estiver abaixo do valor estabelecido no software do sistema de injeção eletrônica do motor flex.
Para os modelos CHERY FACE, S18 e CELER a temperatura é 18° e o A/F estiver próximo de 9:1.
Assim, a unidade de controle do motor (UCM) acionará o sistema de partida a frio. Ou seja, injetará gasolina que está no reservatório para o motor através de uma eletrobomba e uma eletroválvula de partida a frio.
Hoje em dia a maior dúvida é em relação a utilização desse sistema, porém é muito simples sua utilização.
Quando abastecer o reservatório de partida a frio para melhorar a performance do sistema de injeção eletrônica flex?
Só abasteça este reservatório com gasolina quando a maior concentração de combustível no tanque for de etanol. Caso contrário não abasteça o tanquinho, pois este combustível não será utilizado e estragará causando um odor desagradável.
Outro caso a ser observado é a região onde o veículo está ou a estação climática que se encontra.
Sendo assim, se o veículo está numa região muito quente ou se está na estação do verão, dificilmente este sistema entrará em ação. Por isso evite encher o tanquinho ou usá-lo quando a temperatura estiver acima do especificado pelo manual.
Outra dica é mesmo utilizando etanol e em lugar com temperatura baixa, evite encher o tanquinho, pois o sistema quando é acionado ele utiliza pouco combustível para partida frio.
Sistema de injeção eletrônica flex de partida a frio sem tanquinho
Os novos veículos que possuem o sistema Start Flex não possuem o sistema de partida a frio tipo tanquinho.
Estes foram substituídos por aquecedores instalados do tubo de combustível (exemplo CHERY NEW QQ FLEX, e TIGGO2). Ou um aquecedor em cada injetor de combustível (exemplo do sistema JetFlex da JAC MOTORS aplicado no J3 e J2).
Dessa forma, os aquecedores são acionados aquecendo o combustível quando o software detectar que a temperatura está baixa e a concentração de etanol estiver maior no tanque, ou seja, o A/F próximo a 9:1.
Este sistema facilita a operação de partida a frio, já que o sistema do tanquinho não funcionava adequadamente devido falha humana. Em outras palavras, quando o condutor não abastecia o tanquinho e o motor apresentava partida demorada.
2 comentários em “Sistema de injeção eletrônica em carros chineses flex: 5 dicas importantes.”
Verifiquei duas condições que acredito estar relacionado com o sistema de combustível:
– Após rodar com o Jetflex 1.5 J3, com 30km no hodometro, verifiquei um cheiro de queimado vindo do exterior do carro.
– As vezes quando dou a partida no carro, acontece um barulho alto de que como se algum sistema hidráulico estivesse sendo acionado por uns 4 segundos.
Estas questões estão realmente relacionadas ao sistema de combustível.
Obs,: na maior parte das vezes, uso etanol.
Bom dia Almir Costa, o ruído pode ser da bomba de combustível, se estiver muito alto, verifique se o filtro de combustível não está obstruindo o fluxo de combustível, neste caso pode forçar a bomba de combustível. Deve verificar a origem deste cheiro de queimado. Obrigado por nos escrever.